O ambivalente papel do Sul Global nos Processos de Reconstrução de Estados

Coordenação: Marta Fernández

Esse projeto se concentra em três objetivos: (i) aprofundar, a partir de uma perspectiva crítica, o estudo das “novas” operações de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) desenvolvidas em sociedades pós-coloniais, (ii) estudar como essas operações atuam reconstruindo Estados dentro de um padrão específico de governança reprodutor do chamado “modelo da paz liberal”, e (iii) compreender os antecedentes históricos das operações de paz da ONU olhando especialmente para os discursos produzidos durante o movimento imperialista do século XIX e, ainda, no marco do Conselho de Tutela da ONU instituído para conduzir as colônias à independência no pós-Segunda Guerra.

O Brasil e as Práticas de Construção da Paz

Coordenação: Paulo Luiz Moreaux Lavigne Esteves

Nos últimos 20 anos as contribuições das chamadas potências médias para as operações de manutenção da paz experimentaram significativo crescimento. De fato, a contribuição de países emergentes como o Brasil é cada vez mais relevante para as práticas de manutenção da paz. Contudo, cabe indagar acerca da natureza do engajamento brasileiro bem como de suas consequências, tanto no que se refere à política externa brasileira, quanto no que respeita às práticas internacionais de manutenção e construção da paz. Quais são as práticas e resultados do engajamento do Brasil em Operações de Manutenção da Paz? Essa indagação geral orienta a formulação da presente proposta. Este projeto pretende avançar esta agenda de pesquisa, trazendo para o centro de suas indagações as seguintes questões: (i) Quais são as principais transformações nas práticas multilaterais de estabilidade e de consolidação da paz desde o fim da guerra fria? (ii) Como o Brasil respondeu às transformações das normas e práticas de estabilização e de consolidação da paz pós-conflito? (iii) Quais são os padrões brasileiros de envolvimento em operações de paz e qual é o papel que o país está desempenhando na MINUSTAH em termos de práticas de estabilização e de consolidação da paz? (iv) Quais são as implicações mais amplas da participação do Brasil na MINUSTAH para sua política externa em matérias de segurança, ajuda humanitária e do desenvolvimento? Além dessas quatro questões, o projeto pretende, finalmente verificar em que medida as práticas de pacificação empregadas pelo Estado brasileiro foram transferidas do ambiente externo para o ambiente doméstico. Trata-se de uma questão exploratória que explora a aparente simultaneidade das práticas brasileiras de pacificação no Haiti e no Rio de Janeiro.

Global South Unit for Mediation – GSUM

Coordenação: Monica Herz

O Global South Unit for Mediation (GSUM) é um centro já existente e com atividades em andamento desde Novembro de 2013 com o objetivo geral de explorar o crescente envolvimento de atores do Sul Global no campo teórico e prático da mediação internacional a partir do desenvolvimento das habilidades práticas e analíticas desta região. Entre as suas atividades de fomento e capacitação para mediação estão (i) workshops para profissionais e acadêmicos; (ii) eventos abertos para toda a comunidade; (iii) Escola de Inverno de mediação que contará com alunos e professores de diversos países; (iv) o programa de Fellows, que já selecionou para o ano de 2014 três especialistas de países do Sul Global para atuar nas atividades da Unidade por dois meses; (v) e, finalmente, o Reader sobre mediação internacional em português, que visa desenvolver habilidades analíticas e práticas relativas à mediação internacional entre estudantes e profissionais de diversos ramos das Relações Internacionais. Nesse sentido, este livro oferece uma seleção de textos básicos sobre o tema que serão traduzidos com dois objetivos fundamentais: primeiramente, difundir o conhecimento em português acerca da mediação internacional entre estudantes, educadores e profissionais do Sul. Em segundo lugar, pretende-se estimular o debate e o pensamento da técnica a partir do Sul Global, criando uma cultura de mediação que seja não apenas consumida, mas produzida e pensada a partir de perspectivas locais.

Centre for Resolution of International Conflicts (CRIC)

Coordenação: Anna Grudun Christina Leander

Centre for Resolution of International Conflicts (CRIC) is a research center organized as a cooperation between researchers from different disciplines at the University of Copenhagen, Copenhagen Business School, Aarhus University, Aalborg University and the University of Southern Denmark.

As Potências Emergentes e a Reforma do Conselho de Segurança

Coordenação: Kai Michael Kenkel

Com o fim da Guerra Fria, abriu-se a enraizada bipolaridade para o surgimento de um mundo multipolar e a emergência de novas potências no cenário mundial. Muitos desses Estados emergentes, como o Brasil, baseiam sua subida em poder econômico; porém, a institucionalização de seu novo status se dá em grêmios, como o Conselho de Segurança, onde o critério é o poderio militar, e o seu uso em intervenções em favor dos direitos humanos. Este critério é frequentemente expresso em termos do exercício de responsabilidade internacional. Este projeto busca investigar e problematizar essa associação, buscando caminhos para as potências emergentes Brasil, Índia e, para controlar o efeito da dinâmica Norte-Sul, Alemanha satisfazerem os critérios de entrada (e responsabilidade) a despeito de não poder (por falta de meios) ou não querer (por tradição normativa e diplomática) usar robustamente a força militar. O principal meio de conectar os pontos fortes dessas potências na área de desenvolvimento e a pressão de agir na área de segurança e por meio do peacebuilding, componente das operações de paz das Nações Unidas que combina ambas as práticas. O tema será abordado através de um enfoque liberal institucionalista que permite não só cumprir lacunas da definição analítica da categoria de potências emergentes, mas também identificar os nichos diplomáticos específicos de cada país na sua busca de perfil internacional. O projeto se baseia em uma metodologia que enfatiza o trabalho de campo nos três Estados indicados, consistindo em entrevistas com tomadores e implementadores de decisão de alto escalão. Prevê a produção de um livro e três artigos em revistas internacionais, e apresentação de paper em congressos internacionais, assim como apresentações em escolas públicas do rio de Janeiro sobre o perfil internacional do Brasil e o papel das operações de paz neste.